Esta saga do "para o meu filho Xavier..." vai chegar ao fim, juro! Mas até lá há que dar sentindo a este título que escolhi para vos escrever enquanto espero pela minha operação. Sempre sonhei ser mãe.
Senão fosse pelos caminhos que a minha vida tomou teria gostado de ter sido mãe mais nova. Quis o destino que o fosse com 28 anos e com alguém que considero, não só o grande amor da minha vida, mas também o melhor companheiro que poderia para ter a meu lado. O Xavier foi um bebé meio planeado...
Acho ridículo esta coisa do "foi planeado?", e nunca soube muito bem responder a esta questão quando me a colocavam... Mas acho que sim, que foi! Mas antes de mais, foi desejado... Muito desejado! Ambos tínhamos este sonho e basicamente pensámos "não existem momentos certos" e fomos com tudo aos treinos. Se fosse hoje, sabendo o que sei, e estando a nossa vida tão virada do avesso, talvez repensasse, mas ainda assim, nada paga o amor que o Xavier trouxe às nossas vidas. 9 meses depois + 6 connosco fora da barriga, ele está cá, um sorridente por natureza, amoroso, bem disposto e birrento para adormecer.
Enquanto estive grávida, pensava muitas vezes no facto das coisas irem mudar.
Acho que só me caiu a ficha quando o vi pela primeira vez.
''ok, és meu.''
''ok, sou responsável por ti.''
''ok, vou amar-te, proteger-te e cuidar de ti.''
Percebem onde isto está a chegar, certo?
A minha vida mudou desde que ele chegou.
A nossa vida mudou.
É inevitável.
É um choque gigante ao início, mas a cedência é quase que automática e muito natural. Desde que as dores surgiram a minha mãe teve de vir ao nosso auxílio.
As minhas dores dia e noite não me permitiam sequer ter controlo sob mim própria quanto mais sob um bebé de 5 meses que é totalmente dependente?!
Tem sido duro.
Posso dizer que nunca nada me doeu tanto na vida como o facto de não poder cumprir o que lhe prometi quando o nosso olhar se cruzou a primeira vez.
Devido à medicação tive de abdicar da amamentação.
Acho que ainda não estou muito conformada com isso, e embora eu ache que me custou mais a mim do que a ele, cá no fundinho, para mim, na minha cabeça, foi um quebrar de ligação que tínhamos... E por isso digo que ainda não me conformei.
No meio de tudo isto tenho sorte, mais uma vez.
Mais uma vez tenho sorte e não me posso andar aí a queixar à toa, a não ser desta espera que me mata a cada dia que passa.
Saber que preciso ser operada para poder voltar a ser a mãe que o Xavier precisa, e saber que isso poderá demorar meses dói como o caraças!
Ai dói, como dói.
Mas tenho sorte, tenho tanta.
Ele está num berçário fantástico e tenho o apoio essencial da minha mãe, pai, tia, irmãos, sobrinhos/as, sogra, sogro, cunhada e claro do pai do Xavi.
Tenho sorte e ele também.
Existem pessoas que o amam e que cuidam dele por mim.
Apesar de doer.
Um dia vou contar-lhe esta história.
E vamos rir-nos, tenho a certeza.
Por enquanto esperamos e repetimos vezes sem conta que "vai correr tudo bem"!
Tem de correr tudo bem!